02 janeiro 2011


Ele saiu - o sol subiu.
Na descida, ladeira,
sorriu.

O céu então se descobriu...
Na indecisa nuvem passageira
de abril.

Anis no céu da boca
e sobre a touca, aba do boné,
um véu anil.

A leste tudo azul!
Acima, um veludo celeste
se abriu.

De ré o tempo passa
e na rampa, ainda a pé,
Bento assobia um Gil.

Tem vento na vista
e na crista, com gel,
um topete em forma de til.

Seu lento caminhar
sobre o tapete de asfalto
despista.

Parece evitar o sopé
mas enfim se rende
à pista.

Rente aos carros
Bento agora
corre.

A preguiça perdeu pra pressa
e aquele céu, enorme,
agora embaça.

Brisa virou fumaça
e sem demora
sua sombra cessa.

É por essas e outras
que quando desce
Bento pensa:

- Que mais vale a
"Alvorada lá no morro,
que beleza..."

Do que a tristeza cinza
da cidade em brasa,
tensa.