29 março 2013


A SERINGA E O CONTA-GOTAS 

Não é a rotina que me cansa. Fugir dela é que me esgota. Mas nem por isso me rendo. Emendo com uma nova dança, que me disfarça diante do previsível mas que uma hora cessa, já que a inquietude ‘muderna’ não baila nem descansa, não relaxa, não tem recesso. Ou perco pela omissão ou peco pelo excesso. 

Não é a pressa nem a preguiça... É a balança - que quando enguiça não compensa e se funciona nada alcança. Pelo contrário. Só confirma que o equilíbrio é um híbrido de suicídio e esperança. 

Equilibrar-se, segundo o pai dos (menos) burros é: manter-se numa posição normal, sem oscilações ou desvios. Ora porra! Como se a vida fosse proporção e não gangorra! É imprescindível oscilar e desviar. Só aquele que brinca com os extremos sabe da importância de cair da corda bamba, de ser filho do homem-bomba, de escorregar de bunda na passarela do samba. 

Pesos e medidas variam conforme as idas e vindas de cada indiví(duo). O que pesa mais? Cem quilos de algodão ou cem quilos de chumbo? O mesmo, não? Pois bem. Sugiro então que mergulhe numa piscina de chumbo para que tire sua própria conclusão. Nem tudo vale quanto pesa e, por vezes, saber nadar não é a solução. 

Quando viro pedra, peso morto, empaco e perco de tudo um pouco. No mais, parado também deixo, por relaxo, por desleixo, de ganhar (aos quilos) aquilo que a vida me atira enquanto cochilo. Por outro lado, pelo avesso, inverso, virado, se viro um tiro, uma flecha, uma lança, chego muito rápido ao destino, a ponto de não lembrar que o caminho fala mais do que a chegada... E que a dança, em descompasso ou ritmada, pesa mais que o bailarino.