08 dezembro 2013


Transcrição do posfácio do livro 'A Cachoeira do Poema na Fazenda do Seu Astral', o qual tive o prazer de escreversar para meu parceiro das palavras livres, Matheus José Mineiro...

Matheus é único, mas fala por muitos eus ... Fala por mim, fala pelos teus. Fala pelos cristos, pelos cotovelos, pelos ateus. Aliás, o Mineiro não fala, ele jorra ... Feito cascata que não é mentira, feito verdade que delira e num lírio mora. É bucólico, é repleto de mato, é seleto, quase um mito. É cólica ‘duída’ na barriga careta do cara de gravata colorida. ‘Cuma’ folha de palmeira faz poema de pegar. Com bambu nos sopra rima e com rima vai remar ... Rumo à Roma, rumo à Minas, rumo ao Paranoá! Embora seja o homem-caminho, ele mesmo não sabe onde vai pirar, em que ‘árvre’, em que rua, em que ninho.

Sua certeza é uma só...
De que nada foi, mas tudo é...
De que não é ele quem mora nesse mundo,
mas esse mundo é quem mora no José.

Sua
cobra
tem
asa

Sua
obra
é sem
casa

Sua vida
sobra
quando
vaza

É com muito orgulho, de galho em galho, que vos convido a viajar nos uni-versos de Matheus José... O mineiro das palavras. O maneiro das marés. O cabra que me ensinou que a simplicidade da vida não é correr descalço, mas é andar com asas e voar a pé.

Tomás Paoni
Poeta, Designer e Diretor Artístico